A Casa




Casa -  sítio que é nosso e onde nos sentimos acolhidos, que tem coisas que ninguém percebe a não ser aqueles que mais gostam de nós, de que conhecemos os sítios todos e onde de vez em quando se encontra aquilo que nos leva em segundos para momentos tão queridos e que julgávamos esquecidos. Que tem barulhos esquisitos com que não nos importamos. Onde as coisas talvez não estejam exactamente onde deviam estar para quem vem de fora, mas que para nós evidentemente só ali podiam estar. Que vamos recheando de livros, de emoções, de conchas da "nossa" praia, de ovelhinhas para o presépio trazidas da Terra do Fogo e de quadros que estão sempre por pendurar. Para onde queremos voltar quando estamos longe e onde nos reencontramos connosco próprios quando lá chegamos. E que tantas vezes não é a dos documentos oficiais. Aquilo a que os ingleses chamam "home". 

No Verão, quando parti o pé e não sabia se teria que ser operada, a única coisa que pedia era que me deixassem ir a casa. A esta. Depois disso podia tudo. É que é também na casa que está a nossa estrutura e, portanto, também a nossa força. A nossa alma. 

Crescemos nelas e com elas mesmo que só as tenhamos encontrado mais tarde.No fundo, são como nós. Nunca estão acabadas nem completamente arrumadas. Às vezes é um voltar aonde se nasceu, outras aquilo que se quis a vida toda. E que, por isso mesmo, só se partilha com quem se quer. 

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