A Missão
Se não o deixavam entrar num pagode chinês, construiria ele a sua Chineza, uma casa de fresco com telhado a quatro águas com vista para um jardim onde as espécies exóticas se misturariam com as locais e onde se ouviria o som da água a escorrer pela cascata da gruta decorada com seixos, conchas das praias lá ao lado e bocadinhos de porcelana da China onde não o tinham deixado entrar. Já tinha visto muita coisa ele desde que tinha chegado a Lisboa. Mas agora era tempo de voltar. Uma vez terminada esta tarefa (e era sua a consagração da sétima capela da Basílica e das relíquias dos Mártires Franciscanos) trataria de ir para lá.
As primeiras a chegar seriam as Magnólias, que o Imperador chinês tinha declarado símbolo de dignidade e lealdade. Cá não seria diferente. Seriam elas a ajudar a desenhar o perímetro do jardim. Pouco acima, numa pequena elevação, mandaria ele construir um oratório iluminado com uma luz que enche a alma e que só pode vir do mar.
Vendo bem, pensou ele, Deus Nosso Senhor, sabe sempre o que faz. E avançou, no meio de todo aquele espalhafato, tranquilo e sereno, sabendo que a sua verdadeira missão era a de criar um sitio de Paz.
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