Com rede




Isto aqui na Quinta nem sempre há rede. 
Tem dias, tem horas e sítios. Sentada ali dá de certeza, no outro lado é para esquecer. Não há. "Onde é que estava?" Estava sem rede. Paciência. 

A que não falha é a outra, também ela de comunicação ou de relação, se quiserem. E essa sim, com muita fibra. Mais, é a que importa. Sem ela, as outras redes, as sociais, telefónicas ou o que quiserem são meros instrumentos de comunicação. E a mim interessa-me a ligação.

Há aquela cena extraordinária do Pátio das Cantigas da "Dona Rosa, dona Rosa, chegou a sua filha" que põe toda a rede da Rosa, florista na Praça da Figueira, a tentar dizer-lhe ou avisá-la que a filha tinha chegado do Brasil. Porquê? Porque se importavam com ela. E porque ela contava na vida delas.

As redes de cada um vão sendo construídas, um "work in progress" permanente e às vezes surpreendente, com pontos de ligação nem sempre evidentes ou perceptivos para quem vê de fora. Na base estão as referências e uma dada maneira de ver a vida que nos junta e que nos fazem ser queridos, realizados, acolhidos e tantas coisas mais. Eu não percebo nada de engenharia de comunicação ou de informática mas sei que há linhas que estão sempre abertas,  prioritárias algumas e outras, as mais raras, que são estruturantes do sistema todo. Claro que há outras que se perdem ou deixam de funcionar. Tal como nos cabos ou nas fichas que deixam de encaixar no que nos vamos tornando. E às vezes até tentamos e insistimos. Nada. É tempo perdido e altura de passar à frente. Coisas que a maturidade também nos traz. 

A mim, que não vendo flores mas vivo rodeada delas e que todos os dias vou ver em que flor se transfou aquele botão, este último ano, pé partido no verão incluído, mostrou-me bem isso. Se a rede está (e está ) vai perceber sempre a chamada ou a mensagem, por mais difícil de captar que ela pareça. Num e noutro sentido. Nada de falhas. As ligações verdadeiras são assim. Resistem ao tempo e ganham força, como se todos os dias o sinal fosse novo e mais forte. Sem precisar de sinais de fumo ou de pombos correio (que, by the way, também se arranjam, se for preciso). Com chuva ou com um dia de sol lindo como o de hoje. E nem de propósito foi mais fácil escrever isto do que carregar a fotografia. Coisas da rede. 

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